O Grande Desastre, no século retrasado, deu-nos matéria-prima de inestimável valor. O vazamento da Usina de energia Bosoniana causou uma mutação rara que inibiu o gen responsável pela diferenciação e criação das células da glândula Castitária. A Neogen S/A viu o valor científico (possivelmente até comercial) do acontecimento e deu início em um investimento de compra dos Mutantes C (como genericamente foram chamados os novos seres). O próximo passo seria isolar a raça num ambiente hostil e observar sua evolução. Tal manobra enfrentou uma breve e débil resistência de movimentos éticos, tanto científicos como civis. A tentativa de impedir a experiência, no entanto, falhou. A ética já é um passado um tanto quanto longínquo em nossa realidade multifacetada; seres como nós, apenas vítimas de uma mutação, lançados numa experiência - ainda que cientificamente rica - perigosa."
"A glândula Castitária desempenha papel determinante nos aspectos fisiológicos e psicológicos do indivíduo. Ela é responsável pelo sentimento que, no início de nossa civilização, fora denominada Reginásalus - sendo este termo a concomitância de duas antigas sensações: felicidade e satisfação. A ausência da glândula causou na Raça C uma extrema confusão e confronto entre a felicidade e satisfação, fato predeterminante na diferença notada entre a evolução dos mutantes e a nossa própria história evolutiva. O recinto no qual inserimos as criaturas mostrou-se ambivalente; hostil, mas, ao mesmo tempo, provedor das sementes que serviram à fecunda criatividade (fortemente instigada pela insatisfação decorrente da falta da glândula e hormônios Castitários) da Raça C em usar matéria bruta para criar mecanismos e instrumentos auxiliadores da sua sobrevivência. Inegável também é a beleza desse pequeno, maravilhoso e" - Rogér olha pelo telescópio, já apontado para o planeta da Raça C - "azul planeta dos, auto-denominados, Homo Sapiens."