quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Pó de crer

Podre crer em
pó de crer.
Crer é podre ver
o que pobre é.
Acreditem em mim,
podem crer.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Leviatã

"Eu poderia ser feliz, mas eu não seria contente. Com tanta coisa errada...eu tenho que fazer algo", diz Ahab. Ahab nunca encontrou ninguém que pensava como ele, Ahab no máximo tinha contato com pensamentos compartilhados. Ahab se perguntava se isso era normal. Depois de um tempo, Ahab deixou de se perguntar. Ahab era um homem correto. Quem podia falar mal da Ahab? Ahab era Ahab.
Ahab era conhecido por sua sede de vingança. Ahab tinha algo a vingar, e tal coisa era seu mais querido bem. O que era não vem ao caso, o tanto que tal coisa lhe era necessário vem ao caso. Ahab foi um cara iludido pela vida...não importa nem que você nasça com algo, a vida pode lhe tirar as coisas, pouco a pouco, cruel como um garoto com uma lupa. A vida tirou coisas preciosas de Ahab, a vida...a vida não! Maldito animal branco! A vida se apresenta de várias formas...Ahab busca a forma que lhe tirou o que importava. Ahab é amargurado, mas Ahab quer viver ao mesmo tempo. Ahab sabe que tudo não acabou, mas Ahab sabe que não pode continuar sem concretizar o plano. Ahab só pode prosseguir após o grande plano.
O tempo passa pra Ahab, Ahab envelhece, Ahab fica velho...e o que vemos é um velho de barba, que finalmente encontra a felicidade verdadeira desse mundo repleto do efêmero que ele não podia entender: Ahab morre.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Isso existe

-Pai, precisas me ensinar, eu quero reagir, não pode ser assim!

-Filho, eu vou te ajudar. Vamos sentar e orar. Tudo vai melhorar, mas não se esqueca de comungar e sempre acreditar, você precisa subir ao céu.

-Pai, preciso entender tanto sofrimento e tanta provação, porque deve ser assim?!

-Filho, esta vida é passageira, é melhor ignorar. Se preocupe em se salvar, pois o paraíso te espera. Viva e obedeça, você não vai se decepcionar.


Dead Fish - Fragmentos de um conflito iminente

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Por que gosto de Nação Zumbi?

Nação Zumbi me fez ver dar valor ao que é nacional (e cantando em português). Todas as bandas que eu realmente gostava do Brasil cantavam as músicas em inglês, e mesmo assim já eram poucas bandas: Street Bulldogs, Garage Fuzz, Nitrominds, etc.
Eu conheci e comecei a escutar Nação Zumbi muito tarde, depois da morte do Chico Science. Achei uma banda muito foda, e depois que comecei a escutar a fase Chico Science notei algumas coisas. A Nação Zumbi de agora era algo muito evoluido, algo progressivo mesmo.
O vocal de Jorge du Peixe junto com um backing vocal faria uma linha de vocal que chamo, por minha designação, de "doentia". Algo bem decadente (no bom sentido) usando uma terça ou quinta praticamente na execução toda da música. Eu ouvi mais isso no álbum auto-intitulado deles (Nação Zumbi, de 2002), nas músicas Blunt of Judah, Meu Maracatu Pesa uma Tonelada, Faz Tempo e no refrão de Prato de Flores. Nem quero discutir aqui o que muitos discutiram como uma fuga da proposta inicial da banda, eu gosto de trata como uma evolução, e isso acontece com grande parte esmagadora da banda. E sem dúvida, foi uma evolução magnífica o que aconteceu com a Nação Zumbi.
Essa Nação Zumbi pós-Chico Science foi o que me fez perder o preconceito por aspectos mais eletrônicos na música, mas Mastodon já tinha me feito perder um pouco o preconceito pelo que é progressivo. Um pouco de preconceito com certos tipos de música é bom.
Depois que fui ouvir mais Nação Zumbi com o Chico Science. E digo que foi nessa situação que comecei a dar muito pra música brasileira, com ritmo brasileiro, cultura brasileira mesmo. Toda a batida que essa fase trouxe do Maracatu misturado com guitarra e baixo me deixou maravilhado. A música é algo simples, mas eu senti que tinha algo mais em volta disso tudo. A poesia de Chico nas letras, aquele sentimento bom de estar ouvindo algo regional como o Maracatu me fazia sentir realmente brasileiro. Eu não gosto desses sentimentos patriotas, mas como não se sentir bem em escutar algo Pernambucano e achar muito bom? É bom ver algo rico em cultura produzir música boa mesclando o conteúdo regional com música da guitarra, bateria e baixo.
Todo o conceito que Chico Science criou com ajuda de outros nomes é poético. O mangue como a base de tudo sendo ele visualmente um lugar de decomposição, lama e vida díficil, mas essencialmente com o papel de base de toda a vida marinha, e tudo isso trazido para o contexto cultural é incrível. Viva Chico Science e viva a Nação Zumbi.

"Um passo a frente e você não está mais no mesmo lugar." - Chico Science