segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

The Jimi Hendrix Experience - Axis: Bold as Love (1967)


O segundo álbum, e na minha humilde opinião o melhor, da Jimi Hendrix Experience. É um álbum muito complexo estruturalmente falando. É bem carregado de efeitos de estúdio e difícil de se executar ao vivo, tanto é que poucas músicas desse álbum foram tocadas ao vivo pela banda. Esse álbum é interessante porque trouxe uma das coisas que mais gosto da sonoridade do JHE que é a capacidade de fazer baladas que não pareçam pops! Parece até um paradoxo, não é? Mas é costume nosso achar que toda balada é pop. Outra coisa que gosto muito é o aparecimento dos falantes rotatórios, e o posterior surgimento dos pedais Univibe (o qual pude testar num software na casa do Ivan e gostei pacas). Quisera eu ter um Univibe real pra brincar.

1 - EXP: A faixa introdução. De primeira não prestei atenção, foi depois que descobri a piada. Um fictício radialista (Mitch Mitchell - baterista) entrevista o Sr. Paul Caruso (Jimi Hendrix - precisa falar?). Nessa entrevista eles conversam sobre OVNI's (UFO's), na qual Paul Caruso inicialmente fala que não se deve acreditar em tudo que se diz. Logo depois disso Paul Caruso pede licença e diz que precisa ir embora ao mesmo tempo em que sua voz vai ficando mais grave e parece acontecer uma transformação, na qual o radialista fica perplexo e dá-se a entender que Paul Caruso era um extraterrestre e agora ia embora na sua espaçonave. Segue-se aqui uma grande e carregada microfonia com um carregado efeito estéreo. Me parece claramente uma brincadeira, na qual eles queriam experimentar sons, acharam a brincadeira com a voz engraçada e aproveitarem pra brincar com essa som psicodélico que é explorado com a banda fazendo analogia à OVNI's. Vida extraterrestre era uma coisa bem em discussão na época.
2 - Up From the Skies: como é que se coloca uma guitarra com wah-wah fazendo base a música toda e não se torna uma coisa chata? Pergunte a Jimi Hendrix. A música é muito interessante. Muita influência de jazz e uma bateria com baquetas escovas de arame. Muito bom gosto.
3 - Spanish Castle Magic: mais umas do super-mega-hiper-monstro clássicos da Jimi Hendrix Experience. É o tipo de música que já marca pelo riff do começo. Aquela coisa que se você está sentando e meio chateado na noite, arrependido de ter saído e ouve esse riff simples do começo você pula e fala pra todo mundo ouvir: "ISSO É JIMI HENDRIX!!", mesmo que ninguém goste. Esse é o conhecido poder dos clássicos do rock. A música é muito boa. Mais uma daquelas coisas que Jimi Hendrix me ensinou, "mais vale um acorde com cordas soltas que uma pestana muito bem tocada". Jimi Hendrix é também um grande cantor. Ele fica jogando frases, rindo, vocalizando, realmente passando sentimento na música. Muito típico da influência blues. E como eu dizia: aí está um solo com o Univibe. Quase não se percebe, mas muda totalmente, não é?
4 - Wailt Until Tomorrow: o primeiro exemplo de balada não-pop. Não-pop porque a construção dela e dos riffs não é tão simples como o gosto popular gostaria de absorver. Nessa música se encontra riffs muito bem montados pela música toda. A letra é outra história a parte. Não importa o quão velha é essa fórmula: canções contando historietas dramáticas com um ar sarcástico quase sempre darão boas letras.
5 - Ain't No Telling: a música que mais me chamou atenção nesse álbum logo de cara. Canção curta, com energia e com bastante ritmo. Apesar do tamanho e da simplicidade de algumas partes, existem umas passagens mais complicadas no tempo. Não é uma música a ser subestimada na hora de tocar. Os backings vocals dão o tom alegre e chamativo da música. Realmente, uma das melhores músicas do álbum. Prestem atenção nela.
6 - Little Wing: provavelmente o maior clássico dos clássicos de Hendrix. A maioria dos mamíferos que tocam guitarra conhecem o riff de entrada. Realmente é um dos clássicos do rock. Pela notoriedade da música, é ela que é citada quando se fala de falantes rotatórios. Mais uma balada não-pop por causa da complexidade dela. Uma curiosidade: "Little Wing" é o nome indígena pro anjo da guarda de Jimi Hendrix. Dica: escutem com fones de ouvido e surpreendam-se, a música é cheia de complementos com uma segunda guitarrra. Fly on Little Wing.
7 - If 6 was 9: uma música inconformada, é o que eu diria. Tanto pela letra que se mostra indiferente às coisas como pela riff que acompanha a música toda e a linha de vocal revoltada. A música mais longa do disco e também a mais psicodélica. Efeitos de estéreo com a guitarra fazendo solos (e isso já ficava muito bom naquela época). Um solo de flauta fecha a música em meio a distorção, batidas que parecem um relógio (mas pesquisei e vi que era o barulho de batidas de pé no chão). Outra coisa que admiro muito do trabalho da Jimi Hendrix Experience é todo esse trabalho com a ambientação da música e o uso do estéreo nela.
8 - You Got me Floatin': já começa com algo tocado em backwards, parece uma guitarra. A música toda tem bastante influência do funk americano, que por acaso estava nos seus primeiros anos de idade nessa época. O refrão tem o backing vocal que tanto gosto da Jimi Hendrix Experience. A linha do baixo é fantástica no refrão, influência pra muita coisa que foi copiada depois. É outro ponto importante de Hendrix, o quanto foi "copiado" no que ele tocava e no que ele fazia dentro e fora de palco. Genial.
9 - Castles Made of Sand: mais uma balada não pop. A historieta da música é muito boa. Enigmática e dramática. A marca principal da música é a guitarra com slow attack apesar do falante rotatório estar presente quase a música toda. O slow attack dá um ar enigmático à melodia, o que encaixa perfeitamente com o mesmo tema da letra.
10 - She's so Fine: o destaque da música, sem dúvida, é Noel Redding cantando. Uma música muito ao estilo do rock inglês-pop, mas nem por isso deixa de ser boa. Eu não sou fã da música inglesa nem britânica, tirando a Irlanda daonde veio muito estilo musical bom.
11 - One Rainy Wish: pela introdução algo de importante está para acontecer, parece a natureza se recompondo para o sol após a chuva passar. Pássaros secando-se, insetos saindo dos abrigos. Loucura, mas é exatamente isso que imagino pela introdução e em parte pelo título da música. A música é cheia de efeitos psicodélicos. Riffs com delay's carregados e efeitos de ambientação com a voz. Típico da JHE.
12 - Little Miss Lover: uma aula da wah-wah. Conseguem escutar aquele wah-wah no fundo sem fazer uma nota específica, só marcando o tempo com batidas? Foi a primeira vez que o wah-wah foi usado dessa maneira. Sim! E hoje em dia é uma das coisas mais comuns pra se fazer com o wah-wah no meio da música. O vocal também tem algo estranho que não consegui notar direito o que é. Algo metálico. Lembra um Univibe, mas me parece algo mais orgânico do que mecânico. Não sei direito o que é. Eu chutaria dizer que é obra da masterização. Essa música é uma das obras primas do álbum em termos de emprego de efeitos e técnicas, embora pareça mais uma daquelas músicas de Hendrix pra se ouvir na estrada e te passar o único sentimento de liberdade.
13 - Bold as Love: essa música tem duas fases distintas. A primeira é cheia dos artíficios Hendrix de ser, que ele consegue com timbre e pedais. A segunda parte da música começa com uma virada de uma bateria modulada com um flanger/phaser e o efeito depois acompanha muito pesado todo o solo de guitarra fuzzeado de Hendrix. A música tem um grande apelo sentimental por causa da letra e por causa do refrão.
O álbum é um clássico da Jimi Hendrix Experience e do rock. Foi com essa banda que Jimi Hendrix passou a maior parte do sucesso e foi nela que compôs as melhores músicas e melhores álbuns, o que mostra também a competência de Noel Redding e Mitch Mitchell. Grande álbum, muito bom mesmo. Recomendo pra todo ser vivo.

Download AXIS: BOLD AS LOVE @ Rapidshare

Nenhum comentário: