sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Individualismo, consumismo e utilitarismo: três conceitos importantes da atualiadde

A análise dessa transição e do começo deste novo século perpassa estes três termos: individualismo, consumismo e utilitarismo.

O novo individualismo, além das características clássicas do cultivo ao “eu” e as liberdades individuais, mostra, nos indivíduos, um “(...) afastamento da tradição e do costume de nossas vidas (...)” e problemas para aceitar “(...) a legislação sobre questões de estilos de vida por formas tradicionais de autoridade (...)”¹.

Ao falarmos do consumismo, temos de diferenciá-lo do mero consumo. Segundo Bauman, “(...) de maneira distinta do consumo, que é basicamente uma característica e uma ocupação dos seres humanos como indivíduos, o consumismo é um atributo da sociedade (...)”². Enquanto o consumo é uma característica natural dos seres humanos (somos consumidores naturalmente devido ao fato de consumirmos o ar para respirar, ou consumirmos os alimentos para nutrir-nos, por exemplo), o consumismo é uma característica socialmente criada de forma que sejamos instigados a desejar, consumir e depois descartar, na forma de um ciclo intermitente, objetos e experiências.

O último termo diz respeito à teoria política de Jeremy Bentham. Em suma, o utilitarismo diz, nas palavras de Bobbio:

“(...) se devem existir limites ao poder dos governantes, eles não derivam da
pressuposição extravagante de inexistentes e de modo algum demonstráveis
direitos naturais do homem, mas da consideração objetiva de que os homens
desejam o prazer e rejeitam a dor, e em consequência a melhor sociedade é a que
consegue obter o máximo de felicidade para o maior número de seus componentes
(...)”³


Essa filosofia coaduna-se com a constatação de Anthony Giddens, pois o individualismo encontra consistência teórica no utilitarismo para argumentar contra regulamentações que venham mitigar o exercício de suas liberdades.

Andando juntos, individualismo e utilitarismo produzem um terreno fecundo para o crescimento e aceitação de uma economia neoliberal frente ao encontro dessa parceria com a pressão consumista da sociedade.
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1 GIDDENS, Anthony. 2005, p. 45.
2 BAUMAN, Zygmunt. 2008, p. 41.
3 BOBBIO, Norberto. 2005, p.63.



REFERÊNCIAS BILBIOGRÁFICAS:

BAUMAN, Zygmunt. Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadorias. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.

BOBBIO, Norberto. Liberalismo e democracia. São Paulo: Brasiliense, 2005.

GIDDENS, Anthony. A terceira via: reflexões sobre o impasse político atual e o futuro da social-democracia, 5ª edição. Rio de Janeiro: Record, 2005.

Um comentário:

Unknown disse...

O utilitarismo tem como fim a maior felicidade no geral. Se o consumismo leva as pessoas a serem mais felizes no geral, ele está em consonância com o utilitarismo. Se não, o consumismo é indesejável do ponto de vista utilitarista. Se você quer mostrar no texto que as pessoas no geral são mais afetadas do que beneficiadas pelo consumismo, então seria contradição com seu "cálculo utilitarista" você dizer que o utilitarismo dá suporte ao consumismo.