quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Dentro do Vale

Brusque. Cidade Cinza, desonesta, suja; escaldante no verão, gélida no inverno - extrema e monótona. Berço da fiação catarinense, berço de bandas intrigantes.
Depois de conhecer a cidade natal de bandas como Morrison Hotel, Claviceps Purpúrea, Reparo de Início, Afarte, Atacama e Beyond Trash Wall torna-se claro como essa cidade maldita influenciou de forma abençoada a sonoridade de seus filhos menos queridos. Engana-se quem diz que nada brota do cimento. Brusque localiza-se dentro de um buraco, ainda que muitos gostam de chamá-lo de "vale". Eufemismos à parte, a impenetrabilidade e isolamento desta terra faz desse fenômeno algo escondido, mesmo ao público já "escondido" do rock independente - ou "underground".
Essas bandas de Brusque refletem a loucura de viver aqui, região de pequeno-médio porte com caos de cidade grande. O som é igualmente cinza, urbano, desesperado e melancólico. A insegurança de conviver com o lixo que o mundo despeja pelo mundo, principalmente no Terceiro, de fato mostra mais efeitos negativos, as garras do mercado força essa região de origem européia a não parar. Mesmo assim, é do "underground" (e não me espanta que assim seja) que surge o efeito positivo da ação: a reação; repulsiva aos olhos e ouvidos dos peixes, totalmente imersos nas águas do mercado e da vida moderna, mas tão atraente aos anfíbios, que podem respirar dentro da água, mas anseiam em respirar o ar da superfície.

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