quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Excertos da Conferência Anual David Memorial @ África do Sul - Maio de 1997.

Noam Chosmky falando sobre neoliberalismo e a eficácia do modelo norte-americano.

Lakoff sugere que os primeiros "obstáculos à implementação" da democracia são as tentativas de proteger os "mercados domésticos", ou seja, de impedir que as empresas estrangeiras (principalmente norte-americanas) adquiram um controle ainda maior sobre a sociedade. Devemos entender, portanto, que a democracia é fortalecida à medida que cresce a transferência das decisões significativas para as mãos de tiranias privadas não controláveis, a maioria delas sediada em países estrangeiros. Enquanto isso, a arena pública deve encolher ainda mais, dado que o Estado é "minimizado", de acordo com os princípios políticos e econômicos neoliberais triunfantes. Um estudo do Banco Mundial assinala que a nova ortodoxia representa "um dramático afastamento de um ideal autoritário e tecnocrático", que se aproxima bastante dos principais elementos do pensamento liberal progressista do século 20, e nessa linha, do modelo leninista; os dois são mais parecidos do que se costuma admitir.


Quando James Madison falava do "direito das pessoas", queria dizer pessoas. Mas o crescimento da economia industrial e a ascenção das formas corporativas de empreendimento econômico trouxeram um significado completamente novo ao termo. Nos documentos oficiais de hoje em dia, "pessoa tem uma acepção abrangente, que inclui qualquer indivíduo, ramo, sociedade, grupo associado, associação, Estado, truste, sociedade anômina ou entidade governamental, conceito que teria espantado Madison ou qualquer outro que tivesse raízes intelectuais fincadas no Iluminismo e no liberalismo clássico.


[...] abafados pelo coro da auto-aclamação estão os resultados da deliberada política social dos últimos anos, como, por exemplo, os "indicadores básicos" recentemente publicados pela UNICEF, que revelam que os Estados Unidos têm o pior índice dentre os países industrializados, ficando ao lado de Cuba - um pobre país do Terceiro Mundo há quase quarenta anos sob constantes ataques da grande superpotência do hemisfério - em termos de mortalidade infantil até cinco anos. Os Estados Unidos também batem recordes de fome, pobreza infantil e outros indicadores sociais básicos.
Tudo isso acontece no país mais rico do mundo, com vantagens sem paralelo e instituições democráticas estáveis, mas também, num grau incomum, submetido ao governo dos negócios. São augúrios para o futuro[...]se for mantido o "dramático afastamento dos ideais políticos pluralísticos e participativos em favor de um ideal autoritário e tecnocrático.



Tradução: Pedro Jorgensen Jr.

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